top of page

TECER, ENCAIXAR, ACUMULAR

21 de dezembro de 2022 - 17 de fevereiro de 2023

curadoria: Andrea Rehder

artistas participantes:

Alessandra Rehder

Antonio Pulquerio

Fernando Soares

Jaime Prades

Luciano Macedo

Rodrigo Franzao

sem título-7897-HDR.jpg

TECER, ENCAIXAR, ACUMULAR

Jaime Prades

Persiste entre artistas e pensadores da arte a noção de que existe um diálogo entre obras, quaisquer obras, quando expostas, quer seja em mostra individual ou coletiva, já a partir da própria sequência em que são mostradas. Esse diálogo se manifesta desde a escolha do lugar das obras no espaço expositivo, até as relações que se criam entre elas a partir de uma proposta de montagem da exposição.

Essa realidade sutil e relacional pressupõe a materialidade de uma linguagem poética, atribuindo a qualidade humana da fala às obras e estabelecendo um primeiro território entre objeto e sujeito.

Pressupõe que haja nelas algo que ultrapassa seu estado material e que parece já estar impregnado de humanidade por meio da ação do/da artista, talvez um estado preliminar de suspensão da linguagem.

Esse diálogo que pode se escalar entre o grito de desespero até o sussurro e o silêncio, cobra do espectador apenas a sua atenção plena, o seu estar presente. Pede essa congruência da presença: o acordo entre estar e ser.

Isso remete à possibilidade de uma experiência cada vez mais naturalizada, qual seja, de que a obra de arte âncora outra relação de tempo e espaço. Um tempo desacelerado que se expande.

Para estabelecer diálogo com obras e acessar as relações entre elas, o olhar precisa estar disponível, precisa querer se conectar com uma experiência poética. Implica olhar não exclusivamente aquilo que desperta interesse imediato, mas o todo, o conjunto de obras, aceitando a fluência possível a partir do conjunto, de suas margens, dos vazios entre elas e de seus diversos vocabulários. Há sempre a possibilidade da obra capturar os raros olhares puros e desarmados que passeiam entre nós.

Dito isso, podemos afirmar que esta exposição propõe provocar relações entre as obras de algumas pessoas, artistas do time da galeria.

Andrea Rehder reuniu nos últimos anos em seu espaço artistas que têm em comum procedimentos construtivos semelhantes e que atuam no território da linguagem ampliada. Isso permite que possamos estabelecer contatos e tangências entre corpos poéticos singulares. Basicamente são artistas que já nos permitem traçar paralelos entre suas obras pela opção por linguagens não representativas.

Estamos falando de tramas e tessituras, encaixes, acumulações e campos vibracionais, fluxos, estruturas e o apego por certa artesania, coisa construída a partir das mãos, afirmando a arte como trabalho, e que ao fazer evocam a dimensão humana original.

Coube a mim o privilégio de situar a experiência que nos trouxe até esta reunião de artistas e obras, aqui organizadas pelas mãos firmes e suaves de Andrea Rehder, que com sábia intuição soube modelar a curadoria desta exposição.

Jaime Prades

Agradecemos ao Ralph Ghere pelas suas brilhantes contribuições a este texto

bottom of page