CAMINHOS

Nina Lacaz

Para inaugurar o ano de 2024 na Andrea Rehder Arte Contemporânea, a exposição coletiva "Caminhos" busca proporcionar um mergulho nas carreiras individuais dos artistas representados pela galeria, mas destacando a riqueza desse conjunto tão diverso em técnicas, materialidades, suportes e narrativas.

Com pinturas, instalações, esculturas e assemblagens, a mostra oferece um panorama abrangente de parte das tantas facetas da criação contemporânea brasileira. Os artistas utilizam diferentes meios para contar suas histórias e convidam os visitantes a apreciarem a complexidade de cada caminho trilhado, além de provocá-los: onde e como cada um desses artistas se conecta? Muitas vezes, esse diálogo visual ultrapassa materialidades, cores, texturas e elementos da tela, e se entrelaça nas histórias, vivências, referências, desejos e até medos.

A curadoria oferece o protagonismo gráfico e pictórico de Jaime Prades, em contraste com os tótens de objetos simbólicos de Antonio Pulquério. A geometria sensibilizada e colorida de Luciano Macedo se mescla com as fortes ferramentas moçambicanas de Alessandra Rehder. Marcus André estreia na galeria com seus grafismos intensos, e Emanoel Araújo retorna com sua geometria arrojada. Fernando Soares e Bettina Vaz Guimarães se desprendem dos limites da geometria estrita, enquanto Cristina Ataíde e Rodrigo Pedrosa expõem a sensibilidade da natureza humana. Sheila Ortega e Katia Canton nos envolvem em seus universos lúdicos, ao lado de Rodrigo Franzão, que nos leva para um mergulho em seu próprio oceano. José Roberto Bassul transforma a fotografia em uma tela, ao mesmo tempo que Ralph Gehre nos distancia das noções prontas sobre pintura.

Essas "caminhadas" não são apenas trilhas solitárias dos artistas para alcançarem determinada solução em suas obras, mas também promovem o encontro de seus percursos no espaço da galeria, encontro que proporciona trocas de ideias, inspirações e perspectivas, criando um mosaico único de expressões individuais que se complementam. Essa troca motiva os artistas a ocuparem novos espaços e explorarem novos tempos, sem perderem sua essência.

A exposição "Caminhos" convida a todos à contemplação da fluidez e da diversidade desses processos criativos. Cada grande obra é uma peça desse mosaico complexo e belo do panorama artístico apresentado. O resultado é uma celebração da pluralidade de perspectivas e expressões que caracterizam a arte contemporânea brasileira, e o prazer do encontro com o público.