BETTINA VAZ GUIMARÃES
Bettina Vaz Guimarães vive e trabalha entre São Paulo e Lisboa.
Sua produção abrange pintura, desenho, instalação e site specific. A artista elabora sua pesquisa sobre cor, tonalidade, as sutis diferenças que existem entre elas e suas possíveis combinações. Catalogando tudo o que vê à sua maneira, (objetos, arquitetura, cenas cotidianas ou mesmo combinações de cores). Bettina gosta de produzir e saber que as possibilidades em seu trabalho são infinitas.
"Eu posso dizer que eu sempre brinquei com cores. Minhas pinturas de composições geométricas e grafismos são uma forma de experimentar diversas combinações de cores e tonalidades. Gosto da ideia de construir formas e estruturas arquitetônicas. Também de formar polípticos da mesma série para construir uma obra maior." - Bettina
CV
Formação
Participação no Atelier Fidalga - Orientação de Albano Afonso e Sandra Cinto
Faculdade de Artes Plásticas – FAAP – Comunicação Visual.
Atividades
2016 e 2017 Residência Hangar – Centro de Investigação Artística - Lisboa
2014/2017 Residência New York Coletive CAC /
2015 ministrou work shop em Florianopolis “Afinal, o que é contemporâneo na Arte? - Uma introdução às artes visuais do nosso tempo
2012 Ministrou na Cidade de Capivari SP o workshop “Intercambio de Poéticas Contemporâneas” - oficina que integrou o projeto Oficinas de Arte Visuais da Funarte
2003/ 2004 – Professora voluntária de arte no Centro de Apoio à criança “O Visconde” – Real Parque SP
Individuais
2022
Achadouros – Cisterna Galeria – Lisboa - Portugal
2021
Azul pintado de Azul – Galeria Andrea Rehder – São Paulo
2021
Pedágio de mim – Not Museum – Lisboa – Curadoria Hugo Dinis
2019
Através da lente Rosa – Subsolo Cultural – Campinas São Paulo
2017
De que cor é o universo? - Galeria Alecrim 50 – Lisboa – Portugal
Laboratório da cor – Museu de Ciência e História Natural – Lisboa Portugal
2016
Cartografias heterotópicas ou processos para a construção de novos diagramas – Curadoria Andrés Hernández - Galeria Sancovsky - São Paulo
2015
Elementos – Curadoria Kamilla Nunes – Organização Myrine Vlavianos - O Sítio – Florianópolis
2014
Realidade Virtual e realidade abstrata (after Mondrian) – Curadoria Maria Fatima Lambert – Quase Galeria – Porto Portugal
Cocoons – Lyons Weir Gallery – New York NY
2013
Casulo – Sala Projeto Fidalga – São Paulo
Limite do meu território – Bienal Siart – La Paz Bolívia
Divisão de território Pantone – Museu de Arte Moderna de Ribeirão Preto
2012
Galeria Progetti - Rio de Janeiro
Fragmentos Instáveis -Galeria Penteado – Campinas-SP
2008
Espaço Cultural Furnas - Rio de Janeiro - Curadoria Katia Canton
Galeria Oeste
Programa de Exposições Espaços FUNARTE São Paulo
Usina Cultural SAELPA João Pessoa PB
Fundação Joaquim Nabuco – Galeria Vicente Rego – Recife PE
2006
Programa Anual de exposições do Centro Cultural São Paulo SP
Programa de Exposições - Instituto de Arte Contemporânea IAC – Recife
Exposição “Desenhos” Museu Victor Meirelles” – Florianópolis SC
Exposição “Pinturas” – Universidade Federal de Pelotas – RS
Programa Anual de exposições do Centro Cultural São Paulo SP
2005
Programa de exposições Casa da Cultura da América Latina – Brasília
Programa Anual de exposições 2005 – Museu da Gravura Curitiba
2004
Galeria RPA – Regina Pinho de Almeida – São Paulo
Longitude 0º – SESC – Macapá – Amapá
Programa Anual de exposições 2004 – FUNDART – Araraquara – SP
2003
Programa de exposições– Casa da Cultura Ribeirão Preto - SP
Programa de exposições– Espaço Henfil - São Bernardo do Campo
Estação Cultura do Museu Histórico de São Carlos
Coletivas
2019
Studiolo XXI– desenho e afinidades – Curadoria Fatima Lambert - Fundação Eugenio de Almeida – Évora
Structure of Color – Lazy Suzan Gallery – New York NY
Mínimo, Máximo, Assim - Assim – Curadoria Fatima Lambert - Bienal Internacional de Vila Nova de Gaia
2018
Processos em Trânsito / O.livro.de.Artista.2018 – Galeria da Câmara de Matosinhos, Matosinhos, Portugal
Processos em Trânsito / O.livro.de.Artista.2018 – Fórum Cultural de Cerveira, Vila nova de Cerveira Bienal de Cerveira, Portugal
Tema Livre - Projeto Sala Fidalga - São Paulo SP
What it holds/ Ce qu’il contient – Galeria Alecrim 50 – Lisboa - Portugal
2017
Abstracción – El Museo Galeria – Bogota
Lenguajes em papel - Galeria El Museu – Bogota – Colombia
Ponderosa – Galeria Alecrim 50 – Lisboa Portugal
Carpediem Arte Pesquisa / Multiplos - Kogan Gallery - Paris
All Art plus – Van Der Plas Gallery – NYC
Compartiarte - Centro Cultural Britanico – São Paulo
O MAC USP no Século XXI: A Era dos Artistas – MAC USP- São Paulo
2016
Lenguajes em papel VII - Galeria Fernando Pradilla - Madrid Espanha
Is / is not New York NY
Abstração – Galeria Fernando Pradilla - Madrid Espanha
Geometría y Abstracción – El Museo Galeria – Bogota
Otra Dimensión – La superación de la bidimensionalidad em el arte contemporâneo – Galeria Fernando Pradilla - Madrid Espanha
Duas decadas do Museu Universitário de Arte – Curadoria Andrés Hernandez – Museu Universitário de Arte MUNA – Uberlandia – MG
2015
Compartiarte – Centro Brasileiro Britânico São Paulo SP
2014
Compartiarte – Centro Brasileiro Britânico São Paulo SP
2013
Um novo Horizonte – Galeria Tina Zappoli – Porto Alegre
2012
New Bolivia Brasil Now - Curadoria Nicholas Petrus - Memorial da América Latina São Paulo SP
"A cada peça um universo: a construção de uma coleção de arte" – Museu Victor Meirelles – Florianópolis SC
Independência ou Morte - Projeto Sala Fidalga - São Paulo SP
2011
Boite Invaliden – Curadoria Paulo Reis e Josué Matos – Invaliden1Gallery – Berlin
The dirty and the bad from São Paulo to Svendborg - Dinamarca
Presenças – curadoria Mario Gioia – Galeria Zipper – São Paulo
About Change – Curadoria Marina Galvani Washington, DC. USA
Cartografias Cotidianas – Londrina
Meio Quilo – Grupo Aluga-se Pinacoteca de Santos
Meio Quilo – Grupo Aluga-se- MAC Campinas – SP
2010
1º Salão de Artistas sem Galeria - Sao Paulo – SP
Latidos Urbanos - Seleção Bienal Internacional de Arte SIART - Bolivia - MAC Parque Florestal do Chile
Centro Cultural y Pedagógico Simon I Patino Cochabamba - Bolívia
Casa de la Cultura Santa Cruz Bolívia
Archivo y Biblioteca Nacionales de Bolívia - Sucre – Bolívia
Casa de la Cultura – Tarija- Bolívia
Grava-se - Museo Nòmad del Grabado MUNOGRA Bueno Aires –
Experimentações – Galeria Progetti – Rio de Janeiro
]entre[ Galeria de Arte Ibeu – Rio de Janeiro - RJ
ALUGA-SE – São Paulo SP
PhotoFidalga – Quase Galeria – Porto – Portugal;
4ristas – Galeria Berenice Arvani – Curadoria Celso Fioravante
São Paulo; Atelie Fidalga – Paço das Artes
Aluga-se Museu de Arte contemporânea Campo Grande
Coletiva do Acervo – Galeria Penteado – Campinas – SP
2009
Bienal da Bolivia Siart – La Paz -Bolívia
No entorno de – Nos Limites da Arte – Funarte – São Paulo
Coletiva – Galeria Carlos Carvalho / Zoom – Lisboa – Portugal
Entre tempos – Carpediem Arte e Pesquisa – Lisboa –Portugal
PhotoFidalga – Carpediem Arte e Pesquisa – Lisboa – Portugal
Bienal de Cerveira – Vila Nova de Cerveira – Portugal
Novíssimo – Galeria de Arte Ibeu – Rio de Janeiro – RJ
2008
Poéticas da Natureza - MAC - São Paulo - Curadoria Katia Canton
Presente Fidalga - SESC - Ribeirão Preto
Arte Pará 2008 - Fundação Rômulo Maiorana – Belém PA
2007
Bienal do Triangulo Mineiro
Usina Cultural Saelpa – Acervo
Funarte São Paulo
Novas Direções II – Curadoria Margarida Santana –Galeria Oeste – SP
2006
9º Salão Nacional Victor Meirelles – Florianópolis SC
Novas Direções – curadoria Margarida Santana –Galeria Oeste – SP
Coletiva – Galeria Dumaresq – Recife – PE
10º Bienal Nacional de Santos – Santos SP
12º Salão UNAMA de Pequenos Formatos – Manaus AM
11º Salão Paulista de Arte Contemporânea – MAC SP
31º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional – Contemporâneo
25º Salão de Arte do Para 2003 – Fundação Rômulo Maiorana – Belém
2005
12º Salão da Bahia – Museu de Arte Moderna da Bahia – Salvador BA
Fidalga’05 – Paço Municipal de Santo André – Curadoria: Nancy Betts
37º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba – SP – Prêmio Aquisição
30º Salão de Ribeirão Preto Nacional – Contemporâneo
17º Salão de Artes Plásticas da Praia Grande – SP – Prêmio Aquisição
1º Salão de Artes de Uberlândia
33° Salão de Arte Contemporânea de Santo André – Santo André – SP
2004
Edital Revelação – Museu de Arte Contemporânea de Campinas – Premio Aquisição
36º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba – SP
II Território da Arte de Araraquara – SP
10º Salão de Arte Contemporânea de São Bernardo do Campo – SP
1º Salão Nacional de Artes de Paraty – RJ
Plural III – RPA Escritório de Arte – SP
2003
XV de Artes Plásticas de Praia Grande – SP
XXX Salão de Arte do CCBEU – Santos – SP
28º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional Contemporâneo – Ribeirão Preto – SP
XXII Salão de Arte do Para 2003 – Fundação Rômulo Maiorana – Belém
Salão de Artes Visuais de Vinhedo – Vinhedo – SP – Prêmio Aquisição
2002
34º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba – SP
XV Salão de Artes Plásticas Francisco Cimino de Amparo – Premio Aquisição
1º Salão de Arte Contemporânea de São José dos Campos – SP
Salão de Artes Visuais de Vinhedo – SP
Prêmios
2010 – Prêmio Salão dos Artistas sem Galeria
2009 – Prêmio Aquisição - Bienal da Bolivia – SIART
2005 – Prêmio Aquisição no 37º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba
Prêmio Aquisição 17º Salão de Artes Plásticas da Praia Grande – SP
2004 – Prêmio II Território da Arte de Araraquara
Prêmio Aquisição no Edital Revelação – Museu de Arte Contemporânea de Campinas – SP
2003 – Prêmio Aquisição - Salão de Artes Visuais de Vinhedo
2002 – Prêmio Salão de Artes Plásticas de Amparo
Obras em Espaços Públicos:
Mac Usp – Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
SENAC São Carlos
Usina Cultural SAELPA João Pessoa PB
Bienal da Bolívia – Siart
Pinacoteca Municipal “Miguel Dutra”- Piracicaba - SP
Casa da Cultura da América Latina
Museu Victor Meirelles – Florianópolis SC
Instituto de Arte Contemporânea IAC – Recife PE
Espaço Henfil da Cultura- São Bernardo do Campo
Prefeitura Praia Grande
Museu de Arte Contemporânea de Campinas
Prefeitura de Vinhedo
Museu Universitário de Arte de Uberlândia SP - MUnA
ACHADOUROS
João Silvério
O trabalho de Bettina Vaz Guimarães convoca-nos para uma experiência da cor e, de um modo aparente, para uma experiência espacial da abstracção geométrica. Os seus desenhos, trabalhados de modo compulsivo em conjuntos ou séries, derivam na sua maioria uns dos outros, como se o desenho de uma forma se transformasse numa outra que lhe é semelhante, assumindo assim uma fórmula de repetição e associação formal. Contudo, não é bem assim, porque a sucessão de registos e de composições traduz uma firme vontade de experimentar sucessivamente um vocabulário cromático e formal que se desenvolve em torno da ideia de espaço, de dentro e de fora, de volume e de ausência deste, associando-lhe a luminosidade de uma paleta muito contida que, em certas obras, se concentra na estrutura e nos planos dos sólidos representados e das suas formas, por vezes improváveis. Esta prática desenvolve-se nos desenhos sobre papel de textura e densidade diversa, bem como na pintura sobre tela e sobre os cubos escultóricos, os “casulos” que flutuam sobre a parede da sala de exposição, ou na casa e no espaço íntimo de qualquer um de nós. A este respeito, Luís Telles diz-nos de forma muito clara o seguinte: “A cor domina, a complexidade aumenta a tal ponto que não resta alternativa a não ser puxar a pintura para a parede – agora colorida – e colocá-la em objectos físicos, como se estivéssemos olhando para um metalinguagem pictórica: vendo cubos, pintados em cubos, dentro e fora do espaço expositivo que também tem este formato. Esse elemento traz um procedimento novo. Quase o caminho inverso de Braque e Picasso. Parece que Bettina sempre pintou os seus objectos como se tivesse olhos em todos os lados...”
Com esta exposição, Bettina Vaz Guimarães propõe-nos uma viagem poética através de diferentes núcleos do seu trabalho, cruzando o desenho, a pintura e a escultura sem perder o encanto e o mistério que a palavra, presente em muitos dos títulos das suas obras e inscrita em algumas delas, pode convocar.
A cor é uma matéria e simultaneamente uma ferramenta para desenvolver um processo de construção e, num mesmo momento, de desconstrução de formas abstractas e referências arquitectónicas, modulares como uma casa ou como uma ideia elementar da casa, como um contentor sensível. Essa possibilidade de ser uma casa transforma-se no lugar onde a artista vai ao encontro de elementos subtis e imaginários que só existem no seu processo de criação, até serem achados ou encontrados por todos o que experienciam as suas obras. São os achadouros, uma palavra que se pronuncia com gosto, de sabor estético e poético. Esta relação dialéctica é fortemente acentuada na escultura: numa dessas peças, um cubo é coberto de desenhos que parecem anunciar “todas as coisas de noite”. E vemos todos os desenhos possíveis, entrelaçados como planos que se desdobram nos densos painéis de uma parede. Como se fossem as cores da memória, por onde pode passar a revisitação dos poemas de Manoel de Barros, poeta que escreveu Memórias inventadas: a infância como um “caçador de achadouros da infância”, que Bettina Vaz Guimarães transforma numa prática do desenho quase diarística, numa partilha da sua vida e dos seus gestos como artista e como mulher.
DURANTE, DEPOIS E AGORA
Douglas de Freitas
Em 2016, durante sua passagem por Lisboa, a artista Bettina Vaz Guimarães mergulhou na paisagem em um movimento de deriva, se deixando levar pelas ruas, fluxos e sentidos da cidade.
Diferente da maior parte dos visitantes que, ao embarcarem em uma viajem desenham um roteiro para planejar o tempo e conduzir seus passos, ao se deixar levar pela cidade, Bettina se lançou em um processo de estranhamento e reconhecimento. Nossas origens estão lá e, apesar das diferenças na língua, ou nas características específicas de cada cultura, existem similaridades entre as cidades.
Em uma operação de reconhecimento territorial a artista, munida de uma máquina fotográfica, realizou um trabalho de mapeamento através da imagem dos elementos que chamavam sua atenção durante esse movimento de deriva. As formas, a arquitetura, a paisagem, as cores e a luminosidade que aquele novo contexto oferecia propiciaram imagens do cotidiano dessa cidade que depois, além de servirem para entender os caminhos percorridos, definiriam por onde seguiria sua pintura.
Nesse novo conjunto de pinturas realizadas por Bettina, a artista dá continuidade a sua pesquisa pictórica onde a cor e a forma são os elementos primordiais. Surge agora aos nosso olhos uma nova paleta de cores que carregam sua origem nas ruas da cidade portuguesa.
São pinturas de composições geométricas onde a articulação de cada forma e cor nos traz de volta ao ato de construir. Nelas se esboçam, através da sobreposição de planos e cores, estruturas arquitetônicas, novas paisagens que deixaram a cidade e passaram a habitar o papel, mas que carregaram na transferência a luminosidade de Lisboa. Remontam àquela paisagem, que agora se estratifica em forma e cor.
Junto com as pinturas surge um outro diário/registro da cidade. Se as imagens serviram de referências para as formas e cores, durante o fazer das pinturas, Bettina criou um diário/arquivo da paleta criada para as pinturas. São pinceladas curtas em tiras de papel que catalogam as cores criadas nos dias de trabalho no ateliê durante a viagem. Agora, esse diário/catálogo se arma no espaço, é apresentado na parede, numa síntese da cor-luz captada e absorvida da vivência em Lisboa.
Talvez o observador nem tenha o dado de onde partiram aquelas pinturas, tanto as construídas, quanto as pincelas que contam as cores dos dias. Mas ao vê-las, lado a lado, uma a uma, talvez possam remontar a experiência da artista, e uma nova cidade, que ali já não é mais a Lisboa de Portugal, mas sim a Lisboa de Bettina.